terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pode ser...


                Pode ser que chegue um dia em que as nuvens serão só nuvens, e a chuva de verão será água atrapalhando meus dias, e as madrugadas acordadas serão horas de sono perdidas, e ouvir música alta vai ser zumbido no ouvido na hora de dormir.
                Mas enquanto eu puder eu vou ser do contra, vou olhar para o céu e imaginar que Deus naquele dia não quis usar as mãos dos homens e as tintas palpáveis mas resolveu colocar as suas pinturas direto no fundo azul do céu.
                Mas enquanto eu puder eu vou andar devagar, e não vou usar guarda-chuva, vou deixar a água correr. Não vou usar maquiagem pra não correr o risco de na cara a máscara borrar, vou apenas andar, e ao invés de correr vou desacelerar e me molhar o máximo que puder, sem medo de desagradar.
                Mas enquanto eu puder, e os meus olhos aguentarem eu vou dormir menos, vou viver mais. Apenas nos momentos em que viver for tirar a sesta depois do almoço, vou fechar os olhos, no mais vou ficar acordada e bêbada de sono, rindo de tudo, rindo de todos, e acordando cedo para ver o sol nascer.
                Mas enquanto eu puder vou me levantar, e com o fone no ouvido e a minha trilha sonora particular tocando vou dançar, sem público, sem platéia, sem técnica, apenas dançar da maneira que meu corpo mandar, e sozinha com a música mais alta sorrir, rir, gargalhar, e ali, bem ali, me realizar.
                Pois pode ser que chegue um dia em que as palavras assim se tornem poéticas demais, e que a realidade seja mais real do que a minha imaginação, e que as demandas do dia-a-dia tomem a prioridade do meu mundo parelelo criado e vivido apenas por mim, mas enquanto eu puder eu vou colocar as palavras na odem mais (im)pensada possível e vou lê-las e relê-las e nelas encontrar toda a razão que eu preciso.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mais uma vez, amor.


                Um dia eu resolvi marcar na minha pele, no meu corpo, o Seu amor. Para nunca mais duvidar da Sua graça que me basta. Com um ponto final eu encerrei essa verdade em mim. Você me ama e ponto final. A Sua graça me basta e ponto final. Assim como a tinta envelhece na pele essa verdade envelheceu em mim.

                Com vírgulas eu tentei mudar algo em Você que é imutável. Corri atrás da perfeição, mas não corri de mãos dadas com Você. Procurei nas leis maneiras de me culpar, procurei nas minhas decepções máscaras que pudessem me esconder.

                Por quantas vezes o Teu sussurro de graça ignorei. Me pergunto ainda até hoje se eu realmente conheço o Seu amor. Angústia, culpa, desespero parecem muitas vezes ocupar um lugar muito maior do que a paz de ser amada. Ser amada por Você.

                Quero provar como criança que come bolo de chocolate pela primeira vez o Seu amor. Amor por mim do jeito que eu sou, esse jeito qualquer, meio quebrado, meio imperfeito. Com esse Seu amor assim, perfeitamente inteiro capaz de envolver todo o desequelíbrio do meu ser.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lembrança


E mais uma vez me lembrar da verdade que eu nunca deveria ter me permitido esquecer. E mais uma vez me recordar das palavras que Você cotinua a me dizer. E mais uma vez voltar a escutar a canção que Seu coração nunca deixou de tocar.

                Me lembrar do Seu amor, que não existe de maneira alguma para me cobrar, mas que de maneira assombrosa consegue me transformar. Me recordar das palavras que me dão força para encarar minha rotina, seja ela simples ou complicada, sem Suas palavras parece não ter ar para respirar. Voltar uma vez mais a escutar aquela nossa velha canção em que Você conduz os acordes e eu simplesmente me coloco a dançar nas batidas do Seu pulsar.

                O caminho de regresso muitas vezes  pode nos levar muito mais longe. Voltar a ser quem você me planejou para ser, e acreditar como Você acredita no potencial que existe em mim. Potencial em mim mas não para mim, mas para o próximo, para amar, para através de mim lembrar a alguém também do seu amor, amor que nós permite verdadeiramente ser quem devemos ser.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Amar, amor.


Amar. Dos pés ao último fio de cabelo. Amar. Com palavras, com ações. Amar. Por sentimento, por escolhar. Amar, como Ele amou.

Não vejo hoje maior desafio do que esse. De que adianta faculdade, instrução, conhecimento sem amor? De que adianta saber eu me comunicar linguísticamente com qualquer pessoa nesse mundo se no silêncio do meu olhar não puder ser visto o amor?

Eu poderia me formar no tempo certo, eu poderia escolher um caminho qualquer, eu poderia testar todos os “se” que se apresentam hoje para mim, mas de nada valeria se eu não aprendesse a amar.

Me julgo longe ainda do meu objetivo. Tolo, bobo e utópico hoje o objetivo da minha vida é amar. Amor que não toma partidos, que não se baseia em situações, que não olha apenas para o que é externo. Amor que se posiciona em favor dos desfavorecidos, que colocar as prioridades na ordem correta, que tem o olhar que Ele teve.

Aprender a me amar, aprender a amar de verdade aqueles com os quais gosto de estar, e ainda mais aprender a amar aqueles que precisam ser amados, mesmo que isso seja contra os meus impulsos naturais.

Queria eu ser poetisa de verdade e conseguir na realidade amar com todos os meus sentidos. Amar com o olhar, o tocar, o cheirar, o degustar, o ouvir. Amar suavemente como brisa trazendo descanso, e amar tão forte quanto o rugido do mar trazendo força. Amar com as palavras mais bonitas e amar com os silêncios mais demorados. Ser movida pelo Amor, me mover através do amor.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Olhar de Menina




                Medo de menina escondido nos olhos de mulher, não que os anos já lhe fossem muitos, e não eram, contudo a infância e a adolescência já tinham se retirado. Mas os seus olhos, ah os seus olhos ainda carregavam consigo os traços da meninice.

                Tentou amar muito nova e por alguns anos perseverou na tentativa, mas no final o que pensavar ser amor desfaleceu. Deixou ali então um pouco da menina que era.

                Foi atrás de sonhos, com a ponta dos pés tocando o chão procurou com a ponta dos dedos tocar os luminares. Era ainda pequena demais, não conseguiu, caiu. Agora com o seu corpo todo ao chão apenas seu olhar permanecia nas estrelas.

                Caminhou e se esqueceu da beleza do caminho. As lágrimas enturveceram os detalhes de alegria do seu dia-a-dia. Sentia falta do amor que havia tentado encontrar. Não da pessoa que havia amado, mas da sensação de se entregar à tentativa de amar. Sentia falta de na ponta dos pés dançar à procura de tocar os luminares.

                Não percebeu os mistérios do futuro vindo como brisa acaricia-la. Olhou tanto para o passado que não mais acreditava em si mesma no futuro. Ao vê-la não era mais menina, mas carregava em seu olhar as desilusões que sofrera quando ainda não era mulher.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lua


                Quem me conhece sabe o quanto eu sou apaixonada pela Lua. Perco facilmente a atenção dos passos quando percebo que ela tá lá brilhando. A luz me atrai, as formas, crescentes e decrescentes dela estar. Gosto tanto que se possível vou colcar esse nome na minha filha, só achar alguém que tenha esse mesmo gosto exótico que eu.

                Já tentei decifrar porque esse fascínio tão grande, mas não sei se seria apenas um motivo, acho que é mais uma combinação de vários. Me encanta quando ainda dia a Lua aparece no céu azul, refletindo luz mesmo quando ainda há luz por todos os lados, mostrando que ela não reflete apenas na noite. Adoro quando a lua brilha tanto que não é preciso lampadas acesas, nem luz de velas ou lanternas. Gosto de pensar que quando ela não está lá é porque está renascendo, deixando de ser para voltar a ser de novo. Gosto de imaginar o lado da Lua que nós nunca vemos, amo o mistério de só existir um lado dela que somos capazes de ver.

                As metáforas podem ser infinitas naquilo que me atraio, sempre me vejo um pouco em cada característica desse ser luminoso sem luz.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Palavras confusas


Como os olhares nos enganam, como as palavras muitas vezes podem trazer confusão. Podemos olhar para alguém e imaginar milhares de coisas, podemos escolher ficar do lado de fora como observadores, e através do olhar tentar decifrar o objeto observado, ou pior ainda tentar decifra-lo com nossas palavras.

Será que a complexidade de quem nós somos não está naquilo que as palavras não podem dizer? Na melódia que surge nas entrelinhas da poesia de quem somos? Quando nos calamos somos capazes de dizermos muito mais, porque deixamos de lado as palavras, que são como muros pra que não se possa ver quem na verdade somos.

Não seríamos todos nós como Clarice Lispector: “Ou toca, ou não toca.”. No contato, no toque, no sabor do outro, aí mora o verdadeiro conhecimento, que é um estado de não saber de nada, aonde se sabia agora se sente, e sentimento e sabor são coisas que as palavras não podem descrever, como já diria Rubem Alves, nesses casos as palavras servem apenas como tentação para que se viva aquilo do qual se fala.

Descreveu muito bem Bartolomeu Campos Queiroz em uma fala sua, dizendo que a felicidade que ele encontrou estava no sentimento de paz diante dos mistérios que iam além dos seus limites. Mistérios são assim, indescritíveis, não passiveis de observação, apenas de contato, toque, sabor.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pés cansados


Fiz mais do que posso
Vi mais do que aguento
E a areia nos meus olhos é a mesma
Que acolheu minhas pegadas.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados
Voltam pra você.
Pra você

Eu lutei contra tudo
Eu fugi do que era seguro
Descobri que é possível viver só
Mas num mundo sem verdade.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados
Voltam pra você.

Pra você
Sem medo de te pertencer
Volto pra você.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados
Voltam pra você.

Meus pés cansados de lutar
Meus pés cansados de fugir
Os mesmos pés cansados
Voltam pra você.
Pra você.

(Lucas Lima - Pés Cansados)

"Como são bonitos os pés daqueles que pregam o Evangelho da paz..."

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       Essa é a primeira publicação que coloco no blog que não envolve um texto que eu fiz, só queria deixar aqui a letra dessa música/poesia que tem me feito tão bem durante esses últimos dias, e que vocês possam entender a profundidade dela.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Várias em uma só



                A minha mãe me chama de Binha, não me pergunte o por quê. Para o meu avô eu sou a “tica”. Tem ainda alguns tios e primos que me chamam de “bébé”, sim eles me chamam dessa forma. Para alguns amigos eu sou a “Rê”, para outros “Beca”, “Rebekinha”, ou até mesmo “Bekinha”, variando apenas na escrita entre o ‘k’ e o ‘qu’. Tem ainda quem me chame de “Jônatas”, e sempre os variados adjetivos como amiga, filha, irmã, prima. Mas no geral é Rebeca.

                Por significado eu deveria ser “a que une”, o que além de ser uma premissa falsa no meu caso seria muito pouco conter o significado de tudo que eu sou em três palavras, principalmente essas três. “A que une”, essa definição faz rir quem de verdade me conhece.

                A grande questão então não está na maneira pela qual sou chamada, ou qual vocativo me define na mente de alguém, ou de que maneira eu supostamente deveria ser e sou, ou não. A grande questão está em manter a integridade de quem eu sou independemente de com quem eu estou.

domingo, 14 de agosto de 2011

Conversas no Espelho


Por que chorar menina?

Se a vida está a sua frente,

Se você ainda é tão nova,

Por que chorar?



Será que ainda não aprendeu a viver,

Será que ainda não sabe seguir em frente,

Por que pra você tudo é tão difícil?

Por que pra você a vida é tão amarga?



Não chora mais menina, seca as lágrimas,

Se levanta, acende as luzes e varre o chão.

Troca de roupa, tira essa molhada,

Coloca aquele velho vestido amarelo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Meu credo pessoal



                Eu creio que Ele me ama, e sei que eu erro. Eu creio que Ele insiste, eu sei que eu me rendo. Eu creio que Ele me direciona, eu sei que eu sinto medo. Eu creio que Ele me acompanha, eu sei que eu volto atrás. Eu creio que Ele não desiste, eu sei que eu erro novamente. Eu creio que Ele se entristece, eu sei que eu choro. Eu creio que Ele me abraça, eu sei que eu não resisto. Eu creio que Ele refaz, eu sei que eu quero controlar. Eu creio que Ele respeita, eu sei que eu paro de controlar. Eu creio que Ele faz a boa obra, eu sei que eu agradeço. Eu creio que Ele sorri, e eu sei que eu esqueço. Eu creio que Ele me lembra, eu sei que eu me lembro de que Ele ama, insiste, direciona, acompanha, não desiste, se entristece, abraça, refaz, respeita, faz, sorri e sempre me lembra.

                Eu creio Jesus que presenteou-nos com sua vida, sua morte e ressurreição, não para nos salvar de Deus, mas para nos reaproxima-lo a Ele sem vergonha, ou mancha, alvos mais que a neve. Eu creio em Deus, da onde tudo surgiu, para o qual eu quero caminhar todos os dias, em quem a vida encontra seu sentido. Eu creio no Espiríto Santo, que é doce e forte, cala e fala, acompanha e mostra, respeita e se manifesta, no silêncio e no som. Eu creio nessa unidade divina de três partes. Eu creio que sou filha amada de um Deus que quero cada vez mais amar.

                Porque as vezes o que é essencial se torna esquecido.
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              Que me perdoem os teólogos e estudiosos, não pretendo lançar doutrinas, apenas pensamentos e sentimentos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Incerta



Ser incerta é ser humana. Ser volátil, ambigua, efêmera com o desejo latente pela eternidade. Ser indecisa, complicada, um “defeito” que não vem de fábrica.

Por quantas vezes já não acreditei cegamente estar no caminho certo? Quantas vezes não jurei que estava dessa vez verdadeiramente apaixonada? Quantas vezes não decidi impulsivamente entre as opções que tinha? E no momento seguinte duvidei do caminho que trilhava, ‘desamei’ a pessoa pela qual me apaixonara, retocedi na decisão que havia tomado.

Se ser incerta é realmente ser humana eu estou no máximo de humanidade que pode existir em mim. Mas não é “se”, é certo. Ser humana é ser incerta, repetição necessária, do tipo que se faz quando se tem uma descoberta. É necessário que se repita até que a mente entenda com palavras aquilo que o coração descortinou.

Mas mesmo assim eu continuo a procurar ouvir a Voz que vem do lado de fora. A Voz que surge em meio a tempestade, e me chama para sair para fora dos meus medos e ansiedades. Esta Voz me dá uma palavra sobre a qual eu posso caminhar. Um chamado no qual eu posso caminhar. Mas sou humana, sou incerta, sou volátil. Horas escolho escutar a Voz que está a me chamar, horas escolho ouvir o vento que está a soprar.

E assim vou vivendo os meus dias, deixando minhas pegadas na Palavra e no vento.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Desabafo



Hoje eu não quero escrever para defender nenhum pensamento ou teória, não quero criar uma nova doutrina, e pra ser bem sincera não tenho nenhum pensamento fechado. Apenas estou aqui colocando em palavras o meu cansaço.

Estou cansada de ouvir as pessoas dizerem que a vida com Deus é plena vitória e alegria, de que através da oração eu posso ter tudo o que eu quero quando eu quero, de que os caminhos de Deus são perfeitos, e de que a confusão é quase que um estado onde a presença de Deus não pode ser real.

Tô cansada de ouvir crendices que me dizem que a minha oração não é “forte” o suficiente, por isso que quando orei para que a vontade de uma outra pessoa mudasse ela não mudou. Cansada de ouvir que na hora certa todas as coisas vão se acertar em um passe de mágica e que aí eu vou saber que estou no caminho de Deus, como se hoje só porque as coisas não estão acertadas perfeitamente eu estivesse longe desse caminho ou de ouvir a voz de Deus.

Cansada de ouvir as pessoas usando o nome de Jesus como se fosse um pé de coelho para trazer boa sorte. Cansada desse envagelho raso, fraco e manipulado que tem sido pregado, onde as vitórias, as alegrias, o conseguir o que se quer, o chegar em algum lugar estão todos baseados na minha visão humana , rasa, fraca e limitada das coisas que eu posso ver, deixando de lado àquelas que eu não posso ver, e que são verdadeiramente eternas.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O que vou ser quando crescer




      Depois de passar o dia com minha família no sítio do meu avô paterno, chegou a noite e ficamos a ver as estrelas no céu. Era incrível a quantidade delas, os brilhos em diferentes intensidades, e a forma como se espalhavam naquele fundo preto. Nessas horas vale a pena estar longe de toda tecnologia e afazeres, se for para ver o brilho das estrelas.


      Eu estava abraçada com minha prima, que tem uns nove anos, e estava cantando um pedaço de uma velha música do Fábio Jr. que minha mãe cantava para mim quando eu era pequena, como canção de ninar. Foi quando minha prima olhou para mim e perguntou: “Prima o que você quer ser quando crescer?” Durante alguns segundos eu fiquei sem responder nada, pensando: “Será que ela não vê que eu já sou grande?”, mas finalmente disse alguma coisa e respondi com toda a minha maturidade de gente grande: “Eu não sei.”. Ela então me respondeu: “Eu quero ser cantora.”, parou de olhar pra mim, voltou a olhar para as estrelas e continou a assobiar o ritmo da música que antes eu estava cantando.

      Eu quando tinha a idade dela queria a mesma coisa. Ser cantora. Me lembro disso até hoje, era meu grande sonho. E ainda por cima ser uma cantora gospel. Ainda bem que em algumas coisas a gente cresce. Mas pelo menos me lembro de como era simples, era aquilo que eu queria e ponto final, não me importava se as outras pessoas gostavam de me ouvir cantando, o que me importava era que eu gostava de cantar.

      Hoje o tempo passou, e eu não sei o que quero ser quando crescer. Não sei nem se quero um dia ser gente grande. As minhas vontades são muito abstratas e útopicas, e por isso as vezes não chegam nem a ser ouvidas. Quero ser feliz. Quero ter os mesmos amigos de hoje, e mais alguns novos para trazerem frescor à minha vida. Quero me casar, ter um amigo para amar todos os dias. Quero ter filhos, e com eles brincar de bola e de boneca, para ver meu brilho nos seus olhares. Quero trabalhar, mas trabalhar por hobbie, ganhar dinheiro com isso é consequência. Quero manter sempre contato com a minha família, ser próxima não apenas de sangue mas também no coração. Quero ser digna, manter meus príncipios, ter um bom caráter, viver minha vida sorrindo com Deus.

      Todos os meus quereres que quando criança não existiam, hoje de tão simples se tornam quase bobos e complexos. Eu não sei o que vou ser quando crescer, eu espero não ter que crescer para ser alguma coisa. Eu sou hoje, construindo o que vou ser amanhã.

domingo, 5 de junho de 2011

Meus medos




     Um dia desses acordei e decidi que não ia mais sentir medo. Pronto, simples assim. Bati o pé no chão e como criança falei: “Eu não vou mais sentir medo!”. Se você me conhece e está lendo esse texto, provavelmente está agora balançando a cabeça com um ar de “eu dúvido”. Até eu mesma duvidei de início. Mas não se engane, eu continuo tendo medo das alturas baixas, medo de ter que apagar a última luz acesa na sala, medo de colocar um piercing, medo de cachorro vira-lata, e medo de aterrisar no Santos Dumont. Essas coisas não mudaram.

     Eu nunca me vi como alguém que combinasse com o medo. Tudo bem que na maioria das vezes eu sou muito mais inconsequente do que corajosa, e tentando deixar de ser insonsequente eu passei a ser medrosa. Hoje digo sinceramente que prefiro a inconsequência dos meus atos do que o medo de sequer cometê-los. Mas antes que você balance a sua cabeça novamente em sinal de reprovação pelas minhas últimas palavras entenda, a impulsividade e a intensidade do meu agir hoje não mais me enganam em relsção as consequências de meus atos. Hoje eu simplesmente estou mais aberta a viver as consequências do que a deixar de viver.

     Daí então surgiu minha resolução de não mais sentir medo. Sei que para me proteger eu não deveria me entregar as vezes assim tão facilmente. Sei que para evitar certas dores seria mais fácil não tentar do que tentar e não conseguir. Mas existe sempre a possibilidade de que ao me entregar exista alguém que vá me receber, e de que ao tentar eu vá conseguir. Por isso vivo pelas possibilidades do que pode ser, e não mais pelo medo de não acontecer.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Amor e vida

    

     Espero que seja verdadeiro, espero mesmo que amar e peder valha mais a pena do que nunca ter amado. Que permitir que um sentimento exista é melhor do que nunca ter admitido que ele estava lá o tempo todo.


     A cada passo que dou em direção à uma nova forma, que sempre é nova, o meu medo aumenta. As dúvidas não me deixam em paz, perguntas que surgiram depois dos últimos caminhos que trilhei. Será que dessa vez será de verdade? Será que novamente eu vou conseguir sentir e ser sentida?

     Parace que a dor e a tristeza estão sempre juntas na próxima esquina, só esperando por mim, para me darem os braços e continuarem a me acompanhar na caminhada. Não quero mais viver de crises, que se for pra ficar inspirada que seja com crises de riso. Se for pra não me conter em palavras que seja por causa da alegria.

     Não espero a certeza, nem a tranquilidade de uma vida em linha reta. Apenas quero passar pelos baixos com a paisagem dos altos em meu olhar, e sorrir por causa das borboletas que se escondem no vale.

     Comecei falando de amor, terminei falando de vida. Que eu possa não mais dar início à um terminando com o outro, que eu viva o amor e ame a vida.

terça-feira, 24 de maio de 2011


E quando você se acostuma as coisas mudam, por alguns instantes, por alguns momentos. A solidão já havia se tornado para mim velha conhecida, companheira dos meus dias. Mas o que fazer quando você sabe o que é não estar mais acompanhado dela, e encontra por um acaso no outro o fim dessa sua velha conhecida? Podia o eixo da Terra se mover um pouco e aproximar a distância que existe entre as cidades.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Multifacetado


                Vem me buscar. Vem no barco e sobe pelo rio, usando o cocar. Me pinta com urucum e me mostra toda a sua paz. Me marca com o carvão e me dá a bravura das mais fortes guerreiras. De macaxeira viva me alimenta, e me dá de beber o mais puro açai.
                Sem vergonha, levanta a barra das suas vestes e mostra a sua canela enquanto corre ao meu encontro. Me abraça, me dá um beijo de pai. Coloca de novo o anel no meu dedo, e faz festa quando resolvo admitir que apesar de errar eu não sou um erro.
                Na mais forte batida de samba traz a sapucai pra dentro de mim. Abre para mim aquele sorriso brasileiro e me dá aquele abraço onde as formalidades se fazem desnecessárias. Me passa a bola em um intenso jogo de futebol, e confia em mim pra fazer o gol da virada.
                Com sabedoria multifacetada me encantam sempre as Suas revelações multiculturais.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Com Você


    Depois da tempesdade, foi a Sua brisa que terminou com o meu deserto. Com cheiro de imperfeição eu me aproximei, Você não se importou. Na cachoeira do seu amor me banhei. A água gelada limpou o sangue seco da minha pele. Os raios de sol me fizeram não sentir frio, não sentir medo.


    Dias silenciosos, onde minhas lágrimas se misturaram com a Sua paz. Entre gritos e sussurros eu Te busquei, me coloquei ali, como que numa lâmina de microscopio. Passei a me ver pelos seus olhos, o reflexo de quem Você é na identidade de quem eu sou.

    Sem lâminas emocionais com as quais me cortei inúmeras vezes. Cicatrizes que contam histórias mas não causam mais dor. Dialogos internos que não geram mais nada no exterior. Apenas eu como eu mesma através de Você.

terça-feira, 1 de março de 2011

Verdade


Hoje descobri porque fiquei tanto tempo trancada fora de mim mesma. Caixa de confusão se abriu quando comecei a olhar para dentro de mim. Era fácil apenas mudar, ou não mudar, o exterior. Mudar o que está ao alcance dos olhos nunca foi um problema. Difícil sempre foi o invisível, o interno, o que os olhos humanos jamais conseguiram contemplar.

A caixa se abriu, vi meus medos, meus segredos, minhas necessidades e deformidades escapando. A vergonha de ver quem eu realmente sou só aumentou, as lágrimas rolaram. Agora como voltar atrás e fingir que nunca descobri isso em mim? Mas também como prosseguir, e com que força encarar tudo isso que veio à tona?

Apenas minha confiança em Você pode me fazer continuar. É o momento que posso escolher parar, voltar, dar as costas a verdade que Você me fez ver. É o momento que posso continuar, e recolher forças em seu amor para mudar, e caminhar. Agora me resta apenar escolher.

Eu escolho continuar, pois meu passado me ensinou que Seu amor merece meu voto de confiança. Não sei se vou conseguir, não sei até aonde posso ir, só sei que com Você eu quero ir. A verdade brilha demais, marcou meu olhar, impossível olhar tudo mais e não ver a marca daquilo que Você me falou.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O que somos

      Nós somos as canas quebradas que Ele não esmagou. Nós somos os pavios que ainda fumegam e insistem para não apagar. Nós somos daqueles que já estiveram jogados na sarjeta aos pés da esperança. Nós somos os que já acusaram e foram acusados. Nós somos aqueles que carregam a liberdade em nossos corações. Nós somos dos que não recuam, mas dos que vão em frente.


      Por algumas vezes arrastados, e algumas vezes cheios de dúvidas e medo. Nós somos do tipo que se questionam, e duvidam, e sofrem, e tem crises, porém e contudo vivemos, pois nos movemos, e somos, e falamos naquele em que a vida subexiste.

      Eu não posso ficar quieta, eu não consigo. É preciso gritar, e espalhar até que todos possam compreender. Nós somos aqueles que não vão parar, que não podem parar. Somos do tipo que teme não viver mais do que morrer. Nós somos exatamente o que precisamos ser, aonde estamos hoje agora. Aqueles que não se calam, e não vão cansar de cair e se levantar, e continuar!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando menos é mais

     
   
      É necessário abrir mão de certas coisas em um relacionamento. Esta é uma afirmação que eu sempre escutei como conselho para fazer um relacionamento, seja de amizade ou não, dar certo. É necessário esquecer certas coisas, adiar alguns programas, repensar conceitos, uma vez ou outra mudar a agenda repentinamente, deixar algumas manias, evoluir em certas áreas, conhecer outras pessoas, abrir mão de controlar por completo o decorrer do meu dia-a-dia.


      Temos o costume de associar o abrir mão, o adiar, o mudar com perda. “Eu tenho menos porque não fiz de acordo com o meu plano inicial”, esse é o pensamento que existe dentro de nós. É justamente por este pensamento estar tão encravado na nossa mente que hoje podemos perceber os relacionamentos se tornando cada vez mais passageiros, superficiais, circunstânciais, e aí que está a verdadeira perda.

      Não nos sacrificamos mais. Só perdoamos, se perdoamos, quando somos perdoados. Não mudamos nossa rotina pelo outro que está do nosso lado, pois temos a certeza de que o mesmo não seria feito por nós, o que só mostra que a nossa atitude está sempre baseada em uma recompensa. Nosso amor se torna dependente do se sentir amado.

      “Mudar a maneira como eu penso? Nunca. Por isso só vou me relacionar com quem pensa igual a mim”. Aí morrem as revoluções, as explosões de diversidade, a possibilidade de se fazer algo novo debaixo do sol. Estamos cada vez mais caminhando em direção ao que importa para nós próprios, e somente para isso. Os relacionamentos valiosos estão se esvaindo.

      As crises vêm e nos encotramos sozinhos, não existem mais relacionamentos duradouros, e acreditamos que todos os casamentos são globais e uma hora ou outra vão acabar. Nos esquecemos de honrar, e de liberarmos bagagem para ajudarmos a carregar quem precisa de ser carregado. Não nos permitimos ser carregados por ninguém, somos muito fortes para passarmos por tal humilhação.

      Perdemos a sensação maravilhosa do que é não estar sozinho, de ter a base de relacionamentos antigos, o frescor de novos, a esperança na continuidade do caminho. Deixamos de lado o prazer de compartilhar, de ter menos aparentemente para termos mais na soma. O que é gerado em comunhão nunca irá se comparar ao nosso máximo desenvolvido sozinhos. O prazer de deixar pegadas lado a lado no chão é o prazer de criar histórias, relembrar momentos, e não temer o futuro.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Carta


      Deus,


      de novo estou eu aqui, enterrada em minhas dúvidas procurando uma brecha de fé que me permita respirar. Meu medo é tão grande, tão grande. Se todos tem um lugar para se encaixar eu estou andando por cima desse quebra-cabeças sem conseguir me encontrar.

      Pai, a vida tem se tornado difícil. O tornado não está fora, mas dentro de mim. O vento forte vem e tira tudo do lugar, joga tudo para o alto, e eu fico perdida. Eu fico tão confusa que meus erros e minhas sinceridades se fundem, e eu já não sei mais por onde anda o caminho que eu trilhava.

      Pai, tá escuro lá fora, e tudo que eu quero é ficar acordada durante a noite. Quem sabe assim eu seguro o tempo, e o sol não se recusa a nascer enquanto eu não for dormir? Quem sabe assim a lua não ilumina a minha escuridão, e eu descubro que vivo melhor no escuro?

      Pai, por que parece que só eu estou perdida assim? Quando que eu vou me achar? Eu queria entender a sua simplicidade e compartilhar do seu modo de ver a vida. Eu queria poder enxergar o passado com os olhos de uma aluna, viver o presente com a intensidade de uma criança, e ver o futuro como um artista diante de uma tela em branco.

      Ah Deus, meu Pai. Faz pulsar meu coração? Me dá a sua mão? Me basta com seu amor? Me cobre com o seu perdão? Me faz dormir de noite? Me faz rir durante o dia? Tira a minha ansiedade? Aumenta meu amor? Me ensina a ser uma, e uma só?

      Pai, ouve a voz do meu coração que te fala sobre as coisas que essas palavras não podem explicar.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Perseveranças



      O início da vida com Deus é como o de uma pessoa sedentária que resolve começar a correr. Não se dá do nada e nem é esperado da parte de ninguém que após uma semana da decisão tomada o novo atleta já estaja competindo em maratonas.

      Começa-se com algumas vezes na semana, com nada mais do que trinta minutos de caminhada em ritmo moderado. Aos poucos aumenta-se o ritmo, depois de um tempo passa-se a tornar da caminhada um rito diário. Quando o corpo se acostuma com a situação atual a corrida é introduzida na caminhada diária, no começo cinco minutos já são suficientes para se tirar o folêgo, depois de uma semana dez, com um mês já se esta correndo meia hora e andando meia hora. Quando você menos espera um ano se passou e em você um corredor surgiu.

      É necessário que seja assim. De forma crescente e continua, para que se perceba os benefícios que o exercício vai aos poucos causando no corpo. O exagero não gera frutos, gera dor, descontentamento, e geralmente leva a desistência em um curto período de tempo.

      Não exija de você mais do que o próprio Deus exige. A bíblia fala que é na perseverança que ganharemos a nossa alma. Com constância, firmeza, obstinação vamos conseguir ganhar nossos sentimentos, nosso modo de pensar e permitir que ele sejam irrigados pela luz de Deus. Apenas se coloque no seu lugar, como filho(a) amado(a) de Deus, saiba que você é um atleta não importa se você ainda faz caminhadas de trinta minutos três vezes na semana, ou se você já corre todos os dias uma hora.