terça-feira, 13 de setembro de 2011

Palavras confusas


Como os olhares nos enganam, como as palavras muitas vezes podem trazer confusão. Podemos olhar para alguém e imaginar milhares de coisas, podemos escolher ficar do lado de fora como observadores, e através do olhar tentar decifrar o objeto observado, ou pior ainda tentar decifra-lo com nossas palavras.

Será que a complexidade de quem nós somos não está naquilo que as palavras não podem dizer? Na melódia que surge nas entrelinhas da poesia de quem somos? Quando nos calamos somos capazes de dizermos muito mais, porque deixamos de lado as palavras, que são como muros pra que não se possa ver quem na verdade somos.

Não seríamos todos nós como Clarice Lispector: “Ou toca, ou não toca.”. No contato, no toque, no sabor do outro, aí mora o verdadeiro conhecimento, que é um estado de não saber de nada, aonde se sabia agora se sente, e sentimento e sabor são coisas que as palavras não podem descrever, como já diria Rubem Alves, nesses casos as palavras servem apenas como tentação para que se viva aquilo do qual se fala.

Descreveu muito bem Bartolomeu Campos Queiroz em uma fala sua, dizendo que a felicidade que ele encontrou estava no sentimento de paz diante dos mistérios que iam além dos seus limites. Mistérios são assim, indescritíveis, não passiveis de observação, apenas de contato, toque, sabor.

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