terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pode ser...


                Pode ser que chegue um dia em que as nuvens serão só nuvens, e a chuva de verão será água atrapalhando meus dias, e as madrugadas acordadas serão horas de sono perdidas, e ouvir música alta vai ser zumbido no ouvido na hora de dormir.
                Mas enquanto eu puder eu vou ser do contra, vou olhar para o céu e imaginar que Deus naquele dia não quis usar as mãos dos homens e as tintas palpáveis mas resolveu colocar as suas pinturas direto no fundo azul do céu.
                Mas enquanto eu puder eu vou andar devagar, e não vou usar guarda-chuva, vou deixar a água correr. Não vou usar maquiagem pra não correr o risco de na cara a máscara borrar, vou apenas andar, e ao invés de correr vou desacelerar e me molhar o máximo que puder, sem medo de desagradar.
                Mas enquanto eu puder, e os meus olhos aguentarem eu vou dormir menos, vou viver mais. Apenas nos momentos em que viver for tirar a sesta depois do almoço, vou fechar os olhos, no mais vou ficar acordada e bêbada de sono, rindo de tudo, rindo de todos, e acordando cedo para ver o sol nascer.
                Mas enquanto eu puder vou me levantar, e com o fone no ouvido e a minha trilha sonora particular tocando vou dançar, sem público, sem platéia, sem técnica, apenas dançar da maneira que meu corpo mandar, e sozinha com a música mais alta sorrir, rir, gargalhar, e ali, bem ali, me realizar.
                Pois pode ser que chegue um dia em que as palavras assim se tornem poéticas demais, e que a realidade seja mais real do que a minha imaginação, e que as demandas do dia-a-dia tomem a prioridade do meu mundo parelelo criado e vivido apenas por mim, mas enquanto eu puder eu vou colocar as palavras na odem mais (im)pensada possível e vou lê-las e relê-las e nelas encontrar toda a razão que eu preciso.

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