É necessário abrir mão de certas coisas em um relacionamento. Esta é uma afirmação que eu sempre escutei como conselho para fazer um relacionamento, seja de amizade ou não, dar certo. É necessário esquecer certas coisas, adiar alguns programas, repensar conceitos, uma vez ou outra mudar a agenda repentinamente, deixar algumas manias, evoluir em certas áreas, conhecer outras pessoas, abrir mão de controlar por completo o decorrer do meu dia-a-dia.
Temos o costume de associar o abrir mão, o adiar, o mudar com perda. “Eu tenho menos porque não fiz de acordo com o meu plano inicial”, esse é o pensamento que existe dentro de nós. É justamente por este pensamento estar tão encravado na nossa mente que hoje podemos perceber os relacionamentos se tornando cada vez mais passageiros, superficiais, circunstânciais, e aí que está a verdadeira perda.
Não nos sacrificamos mais. Só perdoamos, se perdoamos, quando somos perdoados. Não mudamos nossa rotina pelo outro que está do nosso lado, pois temos a certeza de que o mesmo não seria feito por nós, o que só mostra que a nossa atitude está sempre baseada em uma recompensa. Nosso amor se torna dependente do se sentir amado.
“Mudar a maneira como eu penso? Nunca. Por isso só vou me relacionar com quem pensa igual a mim”. Aí morrem as revoluções, as explosões de diversidade, a possibilidade de se fazer algo novo debaixo do sol. Estamos cada vez mais caminhando em direção ao que importa para nós próprios, e somente para isso. Os relacionamentos valiosos estão se esvaindo.
As crises vêm e nos encotramos sozinhos, não existem mais relacionamentos duradouros, e acreditamos que todos os casamentos são globais e uma hora ou outra vão acabar. Nos esquecemos de honrar, e de liberarmos bagagem para ajudarmos a carregar quem precisa de ser carregado. Não nos permitimos ser carregados por ninguém, somos muito fortes para passarmos por tal humilhação.
Perdemos a sensação maravilhosa do que é não estar sozinho, de ter a base de relacionamentos antigos, o frescor de novos, a esperança na continuidade do caminho. Deixamos de lado o prazer de compartilhar, de ter menos aparentemente para termos mais na soma. O que é gerado em comunhão nunca irá se comparar ao nosso máximo desenvolvido sozinhos. O prazer de deixar pegadas lado a lado no chão é o prazer de criar histórias, relembrar momentos, e não temer o futuro.
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