quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Quem me dera

      Quem me dera eu não soubesse de nada, e fosse como antes onde eu só dependia de Você. Agora cresci e me vejo tão cheia de conhecimentos incapaz as vezes de ouvir sua simples voz, no meio dos ruídos das minhas crenças.

      Quem me dera eu pudesse voltar atrás, eu não mudaria nada, apenas reviveria momentos tão bons que não deveriam acabar, sorriria mais uma vez com um velho amigo, e choraria de novo sem ter motivo.

      Quem me dera poder entender tudo o que se passa dentro de mim como Você, e escolher um caminho equilibrado sem reviravoltas, sem extremos e sem mudanças de humor. Seria mais fácil se eu pudesse caminhar em um caminho reto.

      E nisso tudo eu vejo o Seu amor. O caminho não é reto porque Você sabe que eu sou capaz de ir além disso, os momentos não voltam porque Você sabe que eu posso ter novos ainda mais prazerosos, e o conhecimento existem cada vez mais em mim porque Você sabe que só o conhecimento me desespera se eu não ouvir a Sua voz. Você sabe disso tudo, cabe agora a mim também saber.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Restande de Mim




      Existe o que você vê de mim, e existe aquilo que sou por trás do espelho.Sou um aglomerado de extremos que se confundem no frio e quente dos meus dias. Confio e duvido. Amo e odeio. Grito e calo. Vivo e deixo viver.

      Minha voz é mansa, meu sorriso é agradável, possuo atitudes gentis e altruístas, mas tudo isso pode mudar em um segundo, com uma maneira de falar, com um jeito de olhar. Minha voz se torna forte, e não há mais sorriso nenhum para ser admirado, minhas atitudes interessam só a mim e a ninguém mais, sou aquilo que sou, sou animal racional segundo Aristóteles, só que as vezes sou mais animal, e as vezes mais racional.

       Eu me entrego mas sempe deixo a outra ponta da corda presa em alguma estaca que foge do outro para o qual me dou. Já levei rasteiras demais, bati meu rosto no chão algumas vezes, portanto hoje confio, me entrego, mas sempre deixo a ponta da corda de fora, pois se cair não quero que a queda seja mais tão feia.

      O meu ódio é transformado em amor em alguns segundos, ou em alguns anos, ou nunca. Meu amor pode se transformar em ódio em alguns segundos, em alguns anos, ou nunca. Acordo te amando, durmo te odiando. Sonho que te amo, e acordo te odiando. Mas saiba que pior mesmo é quando eu não me importo, um equílibrio desequilibrado, sem volta, sem extremo, no extremo da falta de amor.

      Encho o meu peito de ar, inspiro e me encho de vida, expiro e me sinto viver, só que as vezes me esqueço de respirar, me esqueço que respiro. Na serra vejo novos tons de verde a cada novo dia, menos quando ela esta cinza dentro dos meus olhos fechados e adormecidos, do lado de dentro do ônibus.

      Eu confio em Você. Mas... Eu confio em Você, me desculpa. Mas... Eu estou tentando confiar em Você. Mas... Eu quero confiar em Você. Mas... Não. Eu não confio em Você, me perdoa eu sou assim, eu quero, mas não consigo, eu tento, mas não alcanço, eu falo que sim mas é mentira. Só Você me conhece, conhece todos os meus “mas”, conhece todas as minhas dúvidas, por isso não te dou a minha confiança desmedida, mas a minha covardia cheia de dúvidas, pois Você é o único capaz de me amar nos meus extremos, no restante de quem eu sou, através de quem Você É.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Apatia


Indiferença, apatia, insensibilidade. Cores neutras, tons pastéis, transparência embaçada. Não é bom, não é ruim também, é o que é, da maneira como está, como se acha que pode ver.

Eu tento parar, e dar pra Você algum tempo dos meus dias, mas tudo que acontece são momentos de tédio, em que o que eu falo não faz sentido, e geralmente não há respostas, apenas silêncio e a sensação de tempo disperdiçado. Ao mesmo tempo não existe um momento sequer dos meus dias em que eu não me lembre de Você.

Há um tempo atrás eu parei de tentar o tempo todo planejar e refletir sobre o meu presente, e futuro, porque era dolorido demais para mim, hoje parece que eu fiquei nesse lugar onde o tempo passa e a mente não percebe.

Hoje espero pelo momento em que os olhos vão piscar, e o meu ser vai voltar a compreender a realidade que o cerca, se desprendendo assim dessa apatia que ele esta a viver.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Cheiro de Casa


O seu abraço, o seu afago me dá saudade. A semana passa e conto as horas pra chegar em casa e sentir o seu cheiro, comer sua comida, ficar do seu lado. Não dizer nada, não perguntar nada. Ficar ali, quem sabe até mesmo brigar, mas sentir perto. No telefone a gente se comunica, ao vivo nos relacionamos. Sinto falta, choro falta. Sempre demora para que percebamos que éramos felizes e não sabiamos.


Ah doce infância, queria eu te ter te volta, e nela o abraço, o afago, o cheiro, a comida, de mãe e de pai, que em você se escondem.

domingo, 28 de novembro de 2010

Caminho estreito

Longe de Você não existe inspiração, minhas palavras são só palavras, e minha vida que é uma folha em branco continua branca. Eu procuro encontrar paz, mas não quero estar junto da fonte, quero ser feliz sem ter que me recolher no caminho mais estreito.

Só em Você eu possuo sentido, eu tenho motivo, eu vivo. Quando me apresentaram esse caminho eu nem percebi que ele me foi apresentado, quando eu vi já estava lá. Percebi que minhas pegadas estavam presentes no caminho largo e no caminho estreito, minha vida fazia curvas e eu acreditava estar andando em linha reta.

Eu sempre Te conheci, sempre soube quem você é, mas eu Te conhecia de ouvir falar até que passei a andar com Você, enxergar seu rosto, realmente saber dentro de mim quem Você era, o som do Seu sorriso, a cor dos Seus olhos, o pulsar do Seu coração. Você me atraiu e me cativou, e quando percebi era no caminho estreito que eu estava andando.

A paixão que no início me encatou se acalmou, acredito que aí surgiu um amor, regado por lágrimas, ao perceber quão díficil e doloroso era esse caminho. Quando andava por caminhos largos levava tudo comigo, minhas bagagens, meus fardos, meus pesos, tudo que estava sobre mim, e não dentro de mim, mas que já se confundia com quem eu era.

O caminho foi apertando, mas eu não estava pronta para me livrar de mim mesma, de quem eu era por fora, de deixar para trás o que me impedia de caminhar. Caí várias vezes por não aguentar o peso sobre meus ombros, me arrastava no chão tentando passar por fendas com meus pesos sobre minhas costas, me sujei, me machuquei, quase desisti.

Então pude ver ao meu lado uma saída, um escape, seria ilusão, causada pelo desgaste? Arrisquei, e descobri nessa saída uma linda lagoa, de águas cristalinas, na margem um carvalho com uma sombra reconfortante. Macando fui andando, cheguei no carvalho tirei minhas bagagens, me preparando para me banhar, me aproximei da lagoa. Antes de mergulhar olhei para aquela água, que em uma combinação de transparência e luz se tornou em espelho. Chorei. Vi meu rosto estampado, vi as marcar, vi a sujeira, vi o cansaço estampado.

Na hora me lembrei de Você que tinha me conduzido até ali, não conseguia nem mais me lembrar qual era a última vez que tinha te visto, te ouvido, como pode ser se ainda caminhava por onde Você havia me indicado? Aonde foi parar Você na minhas história?

A água misturada com as lágrimas me limpou, saí deste banho com as feridas limpas, prontas para serem curadas, não havia mais sujeira escondida nas minhas unhas, e minhas olheiras não estavam mais tão intensas. Me sentia leve pela primeira vez. Me sequei na brisa que Você mandou, e consegui ouvir seu sorriso quando o vento bateu nos galhos do Carvalho.

Saí daquela lagoa sem levar minhas bagagens, me sentia tão leve que me esqueci que havia chegado ali com milhares de coisas para caminhar. Retornei o caminho, como tudo parecia ser mais simples dessa vez. A noite caiu, não consegui enxergar mais nada. Duvidei que Você ainda estava presente. Estava chorando. A Sua luz brilhava tão forte através dos raios do sol. Me sentei, sentia tanto medo quando ouvi Você sussurrar: "Olha pra cima.". E lá estava a lua a nascer, lua cheia iluminando o caminho mesmo em meio a escuridão. Percebi que Você me dizia então: "Mas talvez você não entenda essa coisa de fazer o mundo acreditar que o meu amor não será passageiro, te amarei de janeiro à janeiro, até o mundo acabar. Eu nunca vou te deixar."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Momentos de Calmaria

Tantas coisas acontecem, afinal o tempo não para. Somos pegos de surpresa e o tempo nos passa uma rasteira, ficamos ansiosos e parece que de repente o tempo caminha vagarosamente, quando bate a saudade o tempo se torna uma barreira diante da realidade que gostaríamos de voltar a viver, mas no final o tempo não para.

Os dias vão passando e aos poucos achamos que estamos ficando mais experientes, que estamos aprendendo a lidar melhor com os acontecimentos da nossa vida. Momentos de calmaria, podem durar um dia ou um mês, uma hora ou um ano, o mais importante é saber aproveitá-los, antes que percebamos que ainda não sabemos nada sobre o tempo e sobre o seu ritmo.

Em momentos de calmaria o bom é respirar, deixar o ar entrar vagarosamente e encher o seu peito, depois senti-lo se esvair. Com isso percebemos que tanto o ganhar quanto o perder são essencias para que possamos continuar a viver. Além de respirar o bom é parar e simplesmente olhar ao nosso redor e apreciar, sem querer tocar, sem querer mudar nada, apenas apreciar e aprender com isso a dar valor a todas as coisas quando elas estão em seu devido lugar.

Em tempos de calmaria é bom não ficar por muito tempo, para que nunca esqueçamos que a calmaria não é feita por nossas mãos, mas através da voz daquele que acalma o mar, e faz o vento virar um leve suspirar. Em tempos de calmaria é bom sempre se lembrar que eles passam, então devemos recolher nossas forças, coçar nossos olhos, esticar nosso corpo, pois entre calmarias e tempestades sabemos que o tempo não para.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Gritos e brisas


Ser, estar, caminhar. Pra onde vou, aonde vou chegar? Perguntas que todos os dias dormem comigo, acordam comigo. Tenho uma vaga noção de onde estou, iluminada pelas Suas palavras, que só escuto quando me coloco no lugar de ouvinte.

Imagino que devem existir dias em que Você, como sempre, está ao meu lado e ali grita, grita, até que eu perceba e tire os fones da rotina dos meus ouvidos e escute a Sua voz que acalma a confusão. Anseio por dias em que Você falará calmamente, suavemente através de um brisa e eu Te sentirei, então já saberei como ser, aonde estou, e por onde caminharei.

Ontem acordei, e o dia era diferente, parecia que Você não estava ali, nem gritando, nem sussurrando. Fui eu que ocupei esse lugar então, gritei e chorei, no final cansada sussurei que não entendia o que estava acontecendo, se eu sempre soube que Você estaria presente porque me permitia não te ver, não te sentir, não simplesmente confiar que Você estava ali? Fiquei no silêncio.

Não tem como sentir falta do que nunca se teve, não tem como sentir dor sem estar vivo. As minhas lágrimas me lembraram do quanto avancei, se fosse antes a falta de percepção da Sua presença não me incomodaria, mas hoje, minha vida perde sentido nos segundos em que por algum motivo fecho os olhos para Você.

O que me fez ontem estar nesse lugar de breve desespero eu não sei, só sei que estar ali me permitiu valorizar muito mais a caminhada, os lugares que alcancei, as transformações que eu passei, consigo visualizar muito melhor os lugares que vou alcançar, as transformações que preciso passar.

Hoje foi tudo diferente, acordei, e numa brisa eu Te senti, e então eu sabia quem eu era, aonde estava e por onde caminharia.

sábado, 6 de novembro de 2010

Saudade




Em poucas palavras passo meu sentimento.
Saudade, de quem por um curto período está longe e de quem durante um curto período esteve perto; Saudade, de quem já se foi e de quem já não é mais;
Saudade, do que já vivi e do que ainda vou viver;
Saudade, de mim mesma na infância e de mim mesma quando eu crescer;
Saudade, saudade de mim e saudade de Você.

domingo, 31 de outubro de 2010

Ansiando por voar


Tem um refrão de uma música que eu gosto muito que diz assim: "If we crawl till we can walk again, then we'll run until we're strong enough to jump, then we'll fly until there is no wind so let's crawl, crawl, crawl...". Nós podemos traduzi-la assim: "Se nós rastejarmos até conseguirmos andar de novo, daí correremos até sermos fortes os suficentes para saltar, e então voaremos até que não haja mais vento, então vamos nos rastejar..."

Esse trecho durante uma época que passei durante esse ano me passou muita força, pois em momentos em que eu me via jogada no chão sem forças para levantar, eu acreditava que não havia nada em meu alcance para fazer, mas eu percebi que eu podia começar nem que fosse me arrastando no chão.

Não foi a coisa mais fácil, reconhecer meu lugar ali no meio do pó, e sentir a dor da minha pele se arrastando pelo caminho, mas só assim eu consegui ir adiante mesmo quando eu via o mundo de baixo. Aos poucos eu recuperei minhas forças e consegui me levantar e firmar meus pés no chão, um ao lado do outro.

O próximo passo foi colocar um pé na frente do outro e começar aos poucos a andar, me estruturar de pé, e no começo olhando para baixo prosseguir, até que aos poucos meus olhos se alinharam com o horizonte, e depois puderam focar o que estava no alto sem precisar mais olhar para baixo para colocar um pé na frente do outro.

Foi então que eu recuperei meu fôlego, e pude me preparar para correr, o andar já havia se tornado parte de mim, o grande desafio estava agora em ganhar velocidade. Sentir o vento embaraçar meu cabelo e continuar, olhando para o alto, saber aonde chegar.

De repente, corri e cheguei, à minha frente já não existia mais um caminho traçado, não havia mais solo aonde colocar meus pés um na frente do outro, e agora o que fazer? Percebi que o correr havia gerado uma força em mim antes não experimentada, não pensei duas vezes, fechei os olhos e saltei.

Ainda estou com os olhos fechados sentindo apenas a gravidade agir e meu corpo cair. Mas sei que está breve o tempo em que vou abrir meus olhos e estarei voando, voando até que não haja mais vento. Foi por isso que eu comecei rastejando e hoje estou caindo, porque sei que esse é o caminho que deve ser percorrido por aqueles que anseiam voar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eu mesma

E quando parece que o espelho á minha frente já me revelou tudo o que podia revelar, uma angústia cresce dentro de mim pois já não consigo mais identificar essa criatura que surge na minha frente.

Achava que a dor de não te ter mais era o que mais me doia, mas na verdade só encobertava a dor de nada ter, de recomeçar, de tentar mais uma vez e possuir uma nova possibilidade de me frustrar.

Eu não me esqueço de você pois a tua lembrança não permite que eu lembre de mim mesma, me prendo àquilo que você já foi, que morreu, na esperança de não ter que me ver morrendo, indo aos poucos para um lugar que nem eu sei qual é.

Vejo tudo isso na imagem que se reflete de mim, se torna fácil descrever com palavras o que acontece comigo hoje, contudo as palavras fogem de mim quando tento usa-las para construir um caminho que me leve embora daqui.

Me sinto presa em mim mesma, e não sei como escapar. Em dias assim as esperanças do ontem perdem o sentido, e tudo que eu queria era recobrar a consciência, acordar desse sonho e finalmente estra ao lado do único que realmente compreende tudo o que eu passo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Os Teus olhos


Ah quando eu olho nos Seus olhos, ao invés de nada mais existir parece que tudo se torna mais real, começo a enxergar além da realidade que posso ver. Os meus loucos objetivos se tornam tão simples quando Você sorri, quando eu olho nos Seus olhos.

Eu vejo cores que nunca havia visto antes quando olho nos seus olhos. O arco-íris todo se funde só para que Você possa me mostrar mais uma vez que a Sua beleza vai além de tudo que eu possa imaginar. O meu ser se torna colorido e não tem mais graça viver a mesma vida em preto e branco.

Os Seus olhos sorriem, cantam, dançam, me levam, me guiam. Os meus medos se tornam pequenos diante da segurança que seu olhar me passa, as minhas dúvidas são deixadas de lado perante a fé que seu olhar me irradia.

O mais belo de tudo é saber que eu sou a menina dos Seus olhos, e que quando estou assim pertinho de Você vejo o meu reflexo nos Seus olhos, e o Seu reflexo se encontra no meu olhar, aí então não existem mais dúvidas sobre quem eu sou, ou uma imagem distorcida sobre quem eu deveria ser. Me vejo como sou na essência do seu olhar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

No caminho


Cada palavra, cada olhar direcionado a mim já possuía um conceito pré-definido. Cada atitude era medida, cada roupa e cada palavra usadas, pensadas previamente. Tudo para que a imagem certa fosse passada, tudo para que as pessoas certas me aceitassem. E pra que ser aceita, por quê?

Até hoje não entendo essa necessidade que existe em mim de ser aceita. Se bem que acho que o problema não é esse, afinal qual é o ser humano que não deseja ser aceito, meu verdadeiro problema é muitas vezes não ser quem sou para ser aceita.

Quantas vezes ri de pessoas que amava, critiquei conceitos que concordava, me calei na hora provavelmente deveria ter falado, tudo para ser aceita. A opinião das outras pessoas se tornou meu Sol, e meu mundo passou a girar ao redor disso. Era o que me movia, o que me aquecia, o que me dava significado.

Hoje caminho na contra-mão, luto contra mim mesma todos os dias, para poder dar mais valor à quem eu sou do que ao que as outras pessoas gostariam que eu fosse. Passei também a valorizar mais ainda a opinião daquele que me criou, o único que realmente me conhece com a potencialidade de tudo aquilo que eu posso ser.

Hoje eu tento ao acordar todos os dias escolher por mim mesma, engraçado, pois só hoje ao olhar verdadeiramente para mim eu consigo enxergar o outro que sempre esteve na minha frente. Ainda não cheguei ao final, ainda não me livrei completamente da gravidade que me prende aos conceitos alheios, mas estou no caminho, no meio do caminho em direção à liberdade, e posso dizer que pelo menos estou melhor do que quando comecei.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

Espero

Eu espero olhar para alguém com os olhos fixos sem enxergar mais nenhuma possibilidade ao meu redor, e espero que esse alguém olhe para mim e me veja única, mesmo sabendo existem milhares de outras oportunidades, que ele escolha me ver única.

Espero por alguém que não coloque sobre mim um peso que eu não preciso e não consigo carregar, que me veja como a humana que sou e que não espere de mim a posição que só Deus pode ocupar, a posição que só Deus deve ocupar.

Quero me entregar aos poucos, quero ser conquistada aos poucos, não correr contra o tempo sabendo que não existe pressa, existe graça, existem passos a serem tomados, caminhos a serem conquistados. Quero acabar com fantasias e com fábulas, não quero alguém que me aceite como eu sou, mas que me ame mesmo assim. Alguém que coloque limites nas minhas dependências, que faça valer a pena o ser submissa.

Quero trazer alguém pra minha vida, pra fazer parte da minha história pra ser aceito em minha família, quero ser aceita e quero fazer parte também, quero me sentir confortável o suficiente para não deixar de perder o encanto.

Espero por alguém que entenda, se não for pedir muito que compreenda aquilo que corre em minhas veias, aquilo que me motiva a continuar, aquilo que me move, Aquele que me move. Que trave comigo conversas cheias de pontos de vistas diferentes, mais inundada de respeito e de crescimento em meio a diversidade.

Espero por alguém que aceite meus dreads, que goste das minhas tatoos, que ame passar o dedo pelo meu cabelo, que me ensine a ser elogiada, que me ensine a elogiar. Espero por alguém que me motive a mudar, que não me force a nada, que não me leve a nada que eu não estiver preparada para viver.

Espero e quero muitas coisas, um conjunto que pode ser visto como irreal, ideal, utópico, até mesmo infantil e ingênuo, mas quem disse que esperar e querer demais é errado, no final eu estou aberta ao real, ao que pode ser construído, ao que pode ser vivido. Contudo vou continuar esperando e querendo, enquanto isso vou continuar mudando e crescendo.



domingo, 17 de outubro de 2010

Amizades

Quantos sorrisos compartilhamos, quantas brincadeiras fizemos juntos, quantas confidências superficiais, quantas utopias compartilhadas? E na hora que a realidade chegou aonde ficou tudo? Ficou para trás.

Me avisaram dos perigos de amizades que eu poderia encontrar no tenebroso mundo, mas não me alertaram que aqueles que estavam do meu lado ouvindo a voz do mesmo Deus poderiam ser os mesmos que depois ignorariam a minha dor, sorririam com a minha tristeza, brincariam com as minhas dificuldades, corromperiam as minhas confidências e menosprezariam as minhas utopias.

Durante um tempo acreditei que todos fossem dessa éspecie, que daqui em diante e mais uma vez não confiaria em ninguém, não teria mais confidentes, não perderia tempo cultivando amizades, para mim elas haviam perdido o sentido de vez, se não fosse a prova de poucas e valiosas amizades que sobreviveram as minhas tempestades e desesperanças.

Hoje, para mim, amigos são aqueles que secam as suas lágrimas e riem com suas alegrias, que ouvem seus problemas e confiam em você suficientemente para também contar os deles, aqueles que mesmo não estando na sua rotina dão um jeitinho de se fazerem presentes, que te lembram das suas qualidades e que seguram a sua mão na hora de conversar sobre os seus defeitos. Amigos assim são mais valiosos do que multidões que enchem a festa mas se vão assim que a música para de tocar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Let it go!




Let it go! Eu disse a mim mesma várias vezes. Let it go! E parecia não surgir nenhum efeito, até que eu percebi que o meu falar não correspondia com o meu agir. Até que eu deixei ir. Foi necessário o fogo, foram necessárias as chamas para acabar com as evidências materiais de algo que agora só a minha memória irá permitir existir.


As folhas, cartas, fotos molhadas rapidamente se perderam no meio das cores alaranjadas que surgiram. Quem me dera ao invés do álcool ali estivesse a água, o fogo lutaria com as lembranças para existir e quem sabe nesse meio tempo eu teria a oportunidade de ao menos derramar uma lágrima. Mas nada, com o rosto seco senti o calor de uma história acabando, e com o rosto seco recolhi as cinzas daquilo que um dia já foi.

O que nos unia hoje está no fundo de uma lixeira qualquer, o que éramos fica interpretado na mente de cada um, da maneira que quisermos interpretar, da maneira que quisermos lembrar. Vivi o meu luto quando percebi que o meu você havia morrido, me irritei e te xinguei, neguei e te ignorei, negociei e me humilhei, sofri e chorei, mas finalmente aceitei.

Se soubesse que tanta liberdade se encontrava após a aceitação tinha pulado etapas e estaria aonde estou hoje, eu tinha te deixado ir de mim antes, pois hoje sei que quando te deixei ir me permiti ser.

Escolhas.


Durante muito tempo eu escolhi não escolher. Hoje eu escolho. 

Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho esquecer. Eu escolho lembrar. Eu escolho permitir sentir. Eu escolho ignorar o que sinto. Eu escolho ser livre. Eu escolho continuar. Eu escolho mudar. Eu escolho não me acomodar. Eu escolho gritar. Eu escolho calar. Eu escolho enfraquecer. Eu escolho contrariar. Eu escolho não olhar. Eu escolho não ouvir. Eu escolho não falar. Eu escolho enxergar. Eu escolho escutar. Eu escolho dizer. Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho estar. Eu escolho parar. Eu escolho reviver. Eu escolho viver. Eu escolho chorar. Eu escolho sorrir nas lágrimas. Eu escolho entregar. Eu escolho confiar. Eu escolho amadurecer. Eu escolho permanecer criança. Eu escolho ser diferente. Eu escolho sofrer se preciso. Eu escolho me alegrar na hora certa. Eu escolho amar sem necessitar. Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho ter a mim mesma. Eu escolho ter dúvidas. Eu escolho ter medos. Eu escolho ter amor. Eu escolho a certeza. Eu escolho a coragem. Eu escolho o amor. Eu escolho a fé. Eu não escolho a religião. Eu escolho ser corpo. Eu escolho ser meu corpo. Eu escolho me mover. Eu escolho exitar. Eu escolho caminhar com pés descalços. Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho ser. Eu escolho Você.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Um novo momento.


Às vezes me esqueço da materia que me compõe, esqueço-me de que sou pó, seca, dura e frágil. Coloco em mim todas as expectativas do mundo e acredito que com esse peso serei capaz de caminhar, e ao dar o primeiro passo sou surpreendida por me ver ao chão. Como assim eu não consegui, como assim eu não suportei?

As minhas lágrimas se misturam ao pó que sou e me torno uma poça de lama, uma massa sem forma, pela primeira vez disposta a me tornar algo e a deixar de ser o que já fui e que não deu certo. O peso do mundo me esmagava, eu realmente acreditei que essa era a maneira certa de se caminhar.


Percebi que em mim as minhas lágrimas escreveram um pedido: "Troque de fardo com essa que no primeiro passo cansou de caminhar?" A leveza do meu ser agora me é estranha, me sinto perdida em meio à falta de pressão, me sinto desnorteada com a liberdade que se coloca a minha frente, seria loucura pensar que tudo sempre foi assim tão simples? Seria loucura pensar que o meu tudo entregar é simplesmente tudo escolher?