quinta-feira, 31 de maio de 2012

E de novo...


           Ali parada,
o vento batendo.
Cabelo meio emaranhado, no rosto o cansaço de ser,
de tentar.

No chão uma linha,
um novo horizonte,
um caminho aberto, um mar de possibilidades.

O primeiro passo, com os pés recém cicatrizados,
o medo da dor a faz ficar ali parada, um pé na terra,
no mesmo lugar,
o outro no ar.

A não vontade de voltar atrás,
a não coragem de ir adinte.
Não percebe ainda que as feridas de seus pés já estão cicatrizadas.
Sim, há pouco, mas hoje são só marcas
não mais feridas.
            
           Quem não tem marcas?
Quem não tem passado?
As experiências mais intensas,
sejam os sorrisos, ou sejam as lágrimas,
deixam marcas.

Só que chega uma hora em que é preciso caminhar,
é preciso ir adiante.
Não é recomendável,
é necessário.

É preciso recobrar a confiança,
é preciso depois de cicatrizar a ferida tentar de novo,
mesmo que isso signifique se machucar de novo,
e de novo,
e de novo,
até que não.
Paraíso.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Um olhar de cada vez


               Viver um dia de cada vez as vezes não é suficiente. As vezes é preciso viver um momento de cada vez, um olhar de cada vez.
                A ansiedade de saber qual vai ser o final do caminho que tira a graça das cores, das formas que se revelam pela caminhada. A pressão de alcançar resultados que nos tira o prazer de viver o processo. A incapacidade de aceitar não estar ainda acabada, inteira, que tira a necessidade do outro para nos transformar, do Outro para nos completar.
                Já tive muito medo. Medo do futuro, medo do amor novo, medo de amar de novo, medo de quem eu era, medo de nunca mudar. Já escrevi sobre meus medos, já chorei por eles, já me cansei de falar deles. Hoje não mais.
                Hoje cada dia é um novo, é um único dia. Hoje não quero nem mais sequer viver um dia de cada vez, quero viver um momento de cada vez. Que cada sorriso seja único enquanto ocorre, que em cada olhar eu encontre a paz pra viver aquele olhar, que cada passo seja mais marcante enquanto acontece do que a pegada que deixa. Que eu seja mais eu a cada segundo, e que no conjunto desses segundos se forme a vida aproveita no tempo que a forma, o presente.