sexta-feira, 24 de junho de 2011

O que vou ser quando crescer




      Depois de passar o dia com minha família no sítio do meu avô paterno, chegou a noite e ficamos a ver as estrelas no céu. Era incrível a quantidade delas, os brilhos em diferentes intensidades, e a forma como se espalhavam naquele fundo preto. Nessas horas vale a pena estar longe de toda tecnologia e afazeres, se for para ver o brilho das estrelas.


      Eu estava abraçada com minha prima, que tem uns nove anos, e estava cantando um pedaço de uma velha música do Fábio Jr. que minha mãe cantava para mim quando eu era pequena, como canção de ninar. Foi quando minha prima olhou para mim e perguntou: “Prima o que você quer ser quando crescer?” Durante alguns segundos eu fiquei sem responder nada, pensando: “Será que ela não vê que eu já sou grande?”, mas finalmente disse alguma coisa e respondi com toda a minha maturidade de gente grande: “Eu não sei.”. Ela então me respondeu: “Eu quero ser cantora.”, parou de olhar pra mim, voltou a olhar para as estrelas e continou a assobiar o ritmo da música que antes eu estava cantando.

      Eu quando tinha a idade dela queria a mesma coisa. Ser cantora. Me lembro disso até hoje, era meu grande sonho. E ainda por cima ser uma cantora gospel. Ainda bem que em algumas coisas a gente cresce. Mas pelo menos me lembro de como era simples, era aquilo que eu queria e ponto final, não me importava se as outras pessoas gostavam de me ouvir cantando, o que me importava era que eu gostava de cantar.

      Hoje o tempo passou, e eu não sei o que quero ser quando crescer. Não sei nem se quero um dia ser gente grande. As minhas vontades são muito abstratas e útopicas, e por isso as vezes não chegam nem a ser ouvidas. Quero ser feliz. Quero ter os mesmos amigos de hoje, e mais alguns novos para trazerem frescor à minha vida. Quero me casar, ter um amigo para amar todos os dias. Quero ter filhos, e com eles brincar de bola e de boneca, para ver meu brilho nos seus olhares. Quero trabalhar, mas trabalhar por hobbie, ganhar dinheiro com isso é consequência. Quero manter sempre contato com a minha família, ser próxima não apenas de sangue mas também no coração. Quero ser digna, manter meus príncipios, ter um bom caráter, viver minha vida sorrindo com Deus.

      Todos os meus quereres que quando criança não existiam, hoje de tão simples se tornam quase bobos e complexos. Eu não sei o que vou ser quando crescer, eu espero não ter que crescer para ser alguma coisa. Eu sou hoje, construindo o que vou ser amanhã.

domingo, 5 de junho de 2011

Meus medos




     Um dia desses acordei e decidi que não ia mais sentir medo. Pronto, simples assim. Bati o pé no chão e como criança falei: “Eu não vou mais sentir medo!”. Se você me conhece e está lendo esse texto, provavelmente está agora balançando a cabeça com um ar de “eu dúvido”. Até eu mesma duvidei de início. Mas não se engane, eu continuo tendo medo das alturas baixas, medo de ter que apagar a última luz acesa na sala, medo de colocar um piercing, medo de cachorro vira-lata, e medo de aterrisar no Santos Dumont. Essas coisas não mudaram.

     Eu nunca me vi como alguém que combinasse com o medo. Tudo bem que na maioria das vezes eu sou muito mais inconsequente do que corajosa, e tentando deixar de ser insonsequente eu passei a ser medrosa. Hoje digo sinceramente que prefiro a inconsequência dos meus atos do que o medo de sequer cometê-los. Mas antes que você balance a sua cabeça novamente em sinal de reprovação pelas minhas últimas palavras entenda, a impulsividade e a intensidade do meu agir hoje não mais me enganam em relsção as consequências de meus atos. Hoje eu simplesmente estou mais aberta a viver as consequências do que a deixar de viver.

     Daí então surgiu minha resolução de não mais sentir medo. Sei que para me proteger eu não deveria me entregar as vezes assim tão facilmente. Sei que para evitar certas dores seria mais fácil não tentar do que tentar e não conseguir. Mas existe sempre a possibilidade de que ao me entregar exista alguém que vá me receber, e de que ao tentar eu vá conseguir. Por isso vivo pelas possibilidades do que pode ser, e não mais pelo medo de não acontecer.