quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O que somos

      Nós somos as canas quebradas que Ele não esmagou. Nós somos os pavios que ainda fumegam e insistem para não apagar. Nós somos daqueles que já estiveram jogados na sarjeta aos pés da esperança. Nós somos os que já acusaram e foram acusados. Nós somos aqueles que carregam a liberdade em nossos corações. Nós somos dos que não recuam, mas dos que vão em frente.


      Por algumas vezes arrastados, e algumas vezes cheios de dúvidas e medo. Nós somos do tipo que se questionam, e duvidam, e sofrem, e tem crises, porém e contudo vivemos, pois nos movemos, e somos, e falamos naquele em que a vida subexiste.

      Eu não posso ficar quieta, eu não consigo. É preciso gritar, e espalhar até que todos possam compreender. Nós somos aqueles que não vão parar, que não podem parar. Somos do tipo que teme não viver mais do que morrer. Nós somos exatamente o que precisamos ser, aonde estamos hoje agora. Aqueles que não se calam, e não vão cansar de cair e se levantar, e continuar!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando menos é mais

     
   
      É necessário abrir mão de certas coisas em um relacionamento. Esta é uma afirmação que eu sempre escutei como conselho para fazer um relacionamento, seja de amizade ou não, dar certo. É necessário esquecer certas coisas, adiar alguns programas, repensar conceitos, uma vez ou outra mudar a agenda repentinamente, deixar algumas manias, evoluir em certas áreas, conhecer outras pessoas, abrir mão de controlar por completo o decorrer do meu dia-a-dia.


      Temos o costume de associar o abrir mão, o adiar, o mudar com perda. “Eu tenho menos porque não fiz de acordo com o meu plano inicial”, esse é o pensamento que existe dentro de nós. É justamente por este pensamento estar tão encravado na nossa mente que hoje podemos perceber os relacionamentos se tornando cada vez mais passageiros, superficiais, circunstânciais, e aí que está a verdadeira perda.

      Não nos sacrificamos mais. Só perdoamos, se perdoamos, quando somos perdoados. Não mudamos nossa rotina pelo outro que está do nosso lado, pois temos a certeza de que o mesmo não seria feito por nós, o que só mostra que a nossa atitude está sempre baseada em uma recompensa. Nosso amor se torna dependente do se sentir amado.

      “Mudar a maneira como eu penso? Nunca. Por isso só vou me relacionar com quem pensa igual a mim”. Aí morrem as revoluções, as explosões de diversidade, a possibilidade de se fazer algo novo debaixo do sol. Estamos cada vez mais caminhando em direção ao que importa para nós próprios, e somente para isso. Os relacionamentos valiosos estão se esvaindo.

      As crises vêm e nos encotramos sozinhos, não existem mais relacionamentos duradouros, e acreditamos que todos os casamentos são globais e uma hora ou outra vão acabar. Nos esquecemos de honrar, e de liberarmos bagagem para ajudarmos a carregar quem precisa de ser carregado. Não nos permitimos ser carregados por ninguém, somos muito fortes para passarmos por tal humilhação.

      Perdemos a sensação maravilhosa do que é não estar sozinho, de ter a base de relacionamentos antigos, o frescor de novos, a esperança na continuidade do caminho. Deixamos de lado o prazer de compartilhar, de ter menos aparentemente para termos mais na soma. O que é gerado em comunhão nunca irá se comparar ao nosso máximo desenvolvido sozinhos. O prazer de deixar pegadas lado a lado no chão é o prazer de criar histórias, relembrar momentos, e não temer o futuro.