domingo, 28 de novembro de 2010

Caminho estreito

Longe de Você não existe inspiração, minhas palavras são só palavras, e minha vida que é uma folha em branco continua branca. Eu procuro encontrar paz, mas não quero estar junto da fonte, quero ser feliz sem ter que me recolher no caminho mais estreito.

Só em Você eu possuo sentido, eu tenho motivo, eu vivo. Quando me apresentaram esse caminho eu nem percebi que ele me foi apresentado, quando eu vi já estava lá. Percebi que minhas pegadas estavam presentes no caminho largo e no caminho estreito, minha vida fazia curvas e eu acreditava estar andando em linha reta.

Eu sempre Te conheci, sempre soube quem você é, mas eu Te conhecia de ouvir falar até que passei a andar com Você, enxergar seu rosto, realmente saber dentro de mim quem Você era, o som do Seu sorriso, a cor dos Seus olhos, o pulsar do Seu coração. Você me atraiu e me cativou, e quando percebi era no caminho estreito que eu estava andando.

A paixão que no início me encatou se acalmou, acredito que aí surgiu um amor, regado por lágrimas, ao perceber quão díficil e doloroso era esse caminho. Quando andava por caminhos largos levava tudo comigo, minhas bagagens, meus fardos, meus pesos, tudo que estava sobre mim, e não dentro de mim, mas que já se confundia com quem eu era.

O caminho foi apertando, mas eu não estava pronta para me livrar de mim mesma, de quem eu era por fora, de deixar para trás o que me impedia de caminhar. Caí várias vezes por não aguentar o peso sobre meus ombros, me arrastava no chão tentando passar por fendas com meus pesos sobre minhas costas, me sujei, me machuquei, quase desisti.

Então pude ver ao meu lado uma saída, um escape, seria ilusão, causada pelo desgaste? Arrisquei, e descobri nessa saída uma linda lagoa, de águas cristalinas, na margem um carvalho com uma sombra reconfortante. Macando fui andando, cheguei no carvalho tirei minhas bagagens, me preparando para me banhar, me aproximei da lagoa. Antes de mergulhar olhei para aquela água, que em uma combinação de transparência e luz se tornou em espelho. Chorei. Vi meu rosto estampado, vi as marcar, vi a sujeira, vi o cansaço estampado.

Na hora me lembrei de Você que tinha me conduzido até ali, não conseguia nem mais me lembrar qual era a última vez que tinha te visto, te ouvido, como pode ser se ainda caminhava por onde Você havia me indicado? Aonde foi parar Você na minhas história?

A água misturada com as lágrimas me limpou, saí deste banho com as feridas limpas, prontas para serem curadas, não havia mais sujeira escondida nas minhas unhas, e minhas olheiras não estavam mais tão intensas. Me sentia leve pela primeira vez. Me sequei na brisa que Você mandou, e consegui ouvir seu sorriso quando o vento bateu nos galhos do Carvalho.

Saí daquela lagoa sem levar minhas bagagens, me sentia tão leve que me esqueci que havia chegado ali com milhares de coisas para caminhar. Retornei o caminho, como tudo parecia ser mais simples dessa vez. A noite caiu, não consegui enxergar mais nada. Duvidei que Você ainda estava presente. Estava chorando. A Sua luz brilhava tão forte através dos raios do sol. Me sentei, sentia tanto medo quando ouvi Você sussurrar: "Olha pra cima.". E lá estava a lua a nascer, lua cheia iluminando o caminho mesmo em meio a escuridão. Percebi que Você me dizia então: "Mas talvez você não entenda essa coisa de fazer o mundo acreditar que o meu amor não será passageiro, te amarei de janeiro à janeiro, até o mundo acabar. Eu nunca vou te deixar."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Momentos de Calmaria

Tantas coisas acontecem, afinal o tempo não para. Somos pegos de surpresa e o tempo nos passa uma rasteira, ficamos ansiosos e parece que de repente o tempo caminha vagarosamente, quando bate a saudade o tempo se torna uma barreira diante da realidade que gostaríamos de voltar a viver, mas no final o tempo não para.

Os dias vão passando e aos poucos achamos que estamos ficando mais experientes, que estamos aprendendo a lidar melhor com os acontecimentos da nossa vida. Momentos de calmaria, podem durar um dia ou um mês, uma hora ou um ano, o mais importante é saber aproveitá-los, antes que percebamos que ainda não sabemos nada sobre o tempo e sobre o seu ritmo.

Em momentos de calmaria o bom é respirar, deixar o ar entrar vagarosamente e encher o seu peito, depois senti-lo se esvair. Com isso percebemos que tanto o ganhar quanto o perder são essencias para que possamos continuar a viver. Além de respirar o bom é parar e simplesmente olhar ao nosso redor e apreciar, sem querer tocar, sem querer mudar nada, apenas apreciar e aprender com isso a dar valor a todas as coisas quando elas estão em seu devido lugar.

Em tempos de calmaria é bom não ficar por muito tempo, para que nunca esqueçamos que a calmaria não é feita por nossas mãos, mas através da voz daquele que acalma o mar, e faz o vento virar um leve suspirar. Em tempos de calmaria é bom sempre se lembrar que eles passam, então devemos recolher nossas forças, coçar nossos olhos, esticar nosso corpo, pois entre calmarias e tempestades sabemos que o tempo não para.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Gritos e brisas


Ser, estar, caminhar. Pra onde vou, aonde vou chegar? Perguntas que todos os dias dormem comigo, acordam comigo. Tenho uma vaga noção de onde estou, iluminada pelas Suas palavras, que só escuto quando me coloco no lugar de ouvinte.

Imagino que devem existir dias em que Você, como sempre, está ao meu lado e ali grita, grita, até que eu perceba e tire os fones da rotina dos meus ouvidos e escute a Sua voz que acalma a confusão. Anseio por dias em que Você falará calmamente, suavemente através de um brisa e eu Te sentirei, então já saberei como ser, aonde estou, e por onde caminharei.

Ontem acordei, e o dia era diferente, parecia que Você não estava ali, nem gritando, nem sussurrando. Fui eu que ocupei esse lugar então, gritei e chorei, no final cansada sussurei que não entendia o que estava acontecendo, se eu sempre soube que Você estaria presente porque me permitia não te ver, não te sentir, não simplesmente confiar que Você estava ali? Fiquei no silêncio.

Não tem como sentir falta do que nunca se teve, não tem como sentir dor sem estar vivo. As minhas lágrimas me lembraram do quanto avancei, se fosse antes a falta de percepção da Sua presença não me incomodaria, mas hoje, minha vida perde sentido nos segundos em que por algum motivo fecho os olhos para Você.

O que me fez ontem estar nesse lugar de breve desespero eu não sei, só sei que estar ali me permitiu valorizar muito mais a caminhada, os lugares que alcancei, as transformações que eu passei, consigo visualizar muito melhor os lugares que vou alcançar, as transformações que preciso passar.

Hoje foi tudo diferente, acordei, e numa brisa eu Te senti, e então eu sabia quem eu era, aonde estava e por onde caminharia.

sábado, 6 de novembro de 2010

Saudade




Em poucas palavras passo meu sentimento.
Saudade, de quem por um curto período está longe e de quem durante um curto período esteve perto; Saudade, de quem já se foi e de quem já não é mais;
Saudade, do que já vivi e do que ainda vou viver;
Saudade, de mim mesma na infância e de mim mesma quando eu crescer;
Saudade, saudade de mim e saudade de Você.