domingo, 31 de outubro de 2010

Ansiando por voar


Tem um refrão de uma música que eu gosto muito que diz assim: "If we crawl till we can walk again, then we'll run until we're strong enough to jump, then we'll fly until there is no wind so let's crawl, crawl, crawl...". Nós podemos traduzi-la assim: "Se nós rastejarmos até conseguirmos andar de novo, daí correremos até sermos fortes os suficentes para saltar, e então voaremos até que não haja mais vento, então vamos nos rastejar..."

Esse trecho durante uma época que passei durante esse ano me passou muita força, pois em momentos em que eu me via jogada no chão sem forças para levantar, eu acreditava que não havia nada em meu alcance para fazer, mas eu percebi que eu podia começar nem que fosse me arrastando no chão.

Não foi a coisa mais fácil, reconhecer meu lugar ali no meio do pó, e sentir a dor da minha pele se arrastando pelo caminho, mas só assim eu consegui ir adiante mesmo quando eu via o mundo de baixo. Aos poucos eu recuperei minhas forças e consegui me levantar e firmar meus pés no chão, um ao lado do outro.

O próximo passo foi colocar um pé na frente do outro e começar aos poucos a andar, me estruturar de pé, e no começo olhando para baixo prosseguir, até que aos poucos meus olhos se alinharam com o horizonte, e depois puderam focar o que estava no alto sem precisar mais olhar para baixo para colocar um pé na frente do outro.

Foi então que eu recuperei meu fôlego, e pude me preparar para correr, o andar já havia se tornado parte de mim, o grande desafio estava agora em ganhar velocidade. Sentir o vento embaraçar meu cabelo e continuar, olhando para o alto, saber aonde chegar.

De repente, corri e cheguei, à minha frente já não existia mais um caminho traçado, não havia mais solo aonde colocar meus pés um na frente do outro, e agora o que fazer? Percebi que o correr havia gerado uma força em mim antes não experimentada, não pensei duas vezes, fechei os olhos e saltei.

Ainda estou com os olhos fechados sentindo apenas a gravidade agir e meu corpo cair. Mas sei que está breve o tempo em que vou abrir meus olhos e estarei voando, voando até que não haja mais vento. Foi por isso que eu comecei rastejando e hoje estou caindo, porque sei que esse é o caminho que deve ser percorrido por aqueles que anseiam voar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eu mesma

E quando parece que o espelho á minha frente já me revelou tudo o que podia revelar, uma angústia cresce dentro de mim pois já não consigo mais identificar essa criatura que surge na minha frente.

Achava que a dor de não te ter mais era o que mais me doia, mas na verdade só encobertava a dor de nada ter, de recomeçar, de tentar mais uma vez e possuir uma nova possibilidade de me frustrar.

Eu não me esqueço de você pois a tua lembrança não permite que eu lembre de mim mesma, me prendo àquilo que você já foi, que morreu, na esperança de não ter que me ver morrendo, indo aos poucos para um lugar que nem eu sei qual é.

Vejo tudo isso na imagem que se reflete de mim, se torna fácil descrever com palavras o que acontece comigo hoje, contudo as palavras fogem de mim quando tento usa-las para construir um caminho que me leve embora daqui.

Me sinto presa em mim mesma, e não sei como escapar. Em dias assim as esperanças do ontem perdem o sentido, e tudo que eu queria era recobrar a consciência, acordar desse sonho e finalmente estra ao lado do único que realmente compreende tudo o que eu passo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Os Teus olhos


Ah quando eu olho nos Seus olhos, ao invés de nada mais existir parece que tudo se torna mais real, começo a enxergar além da realidade que posso ver. Os meus loucos objetivos se tornam tão simples quando Você sorri, quando eu olho nos Seus olhos.

Eu vejo cores que nunca havia visto antes quando olho nos seus olhos. O arco-íris todo se funde só para que Você possa me mostrar mais uma vez que a Sua beleza vai além de tudo que eu possa imaginar. O meu ser se torna colorido e não tem mais graça viver a mesma vida em preto e branco.

Os Seus olhos sorriem, cantam, dançam, me levam, me guiam. Os meus medos se tornam pequenos diante da segurança que seu olhar me passa, as minhas dúvidas são deixadas de lado perante a fé que seu olhar me irradia.

O mais belo de tudo é saber que eu sou a menina dos Seus olhos, e que quando estou assim pertinho de Você vejo o meu reflexo nos Seus olhos, e o Seu reflexo se encontra no meu olhar, aí então não existem mais dúvidas sobre quem eu sou, ou uma imagem distorcida sobre quem eu deveria ser. Me vejo como sou na essência do seu olhar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

No caminho


Cada palavra, cada olhar direcionado a mim já possuía um conceito pré-definido. Cada atitude era medida, cada roupa e cada palavra usadas, pensadas previamente. Tudo para que a imagem certa fosse passada, tudo para que as pessoas certas me aceitassem. E pra que ser aceita, por quê?

Até hoje não entendo essa necessidade que existe em mim de ser aceita. Se bem que acho que o problema não é esse, afinal qual é o ser humano que não deseja ser aceito, meu verdadeiro problema é muitas vezes não ser quem sou para ser aceita.

Quantas vezes ri de pessoas que amava, critiquei conceitos que concordava, me calei na hora provavelmente deveria ter falado, tudo para ser aceita. A opinião das outras pessoas se tornou meu Sol, e meu mundo passou a girar ao redor disso. Era o que me movia, o que me aquecia, o que me dava significado.

Hoje caminho na contra-mão, luto contra mim mesma todos os dias, para poder dar mais valor à quem eu sou do que ao que as outras pessoas gostariam que eu fosse. Passei também a valorizar mais ainda a opinião daquele que me criou, o único que realmente me conhece com a potencialidade de tudo aquilo que eu posso ser.

Hoje eu tento ao acordar todos os dias escolher por mim mesma, engraçado, pois só hoje ao olhar verdadeiramente para mim eu consigo enxergar o outro que sempre esteve na minha frente. Ainda não cheguei ao final, ainda não me livrei completamente da gravidade que me prende aos conceitos alheios, mas estou no caminho, no meio do caminho em direção à liberdade, e posso dizer que pelo menos estou melhor do que quando comecei.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

Espero

Eu espero olhar para alguém com os olhos fixos sem enxergar mais nenhuma possibilidade ao meu redor, e espero que esse alguém olhe para mim e me veja única, mesmo sabendo existem milhares de outras oportunidades, que ele escolha me ver única.

Espero por alguém que não coloque sobre mim um peso que eu não preciso e não consigo carregar, que me veja como a humana que sou e que não espere de mim a posição que só Deus pode ocupar, a posição que só Deus deve ocupar.

Quero me entregar aos poucos, quero ser conquistada aos poucos, não correr contra o tempo sabendo que não existe pressa, existe graça, existem passos a serem tomados, caminhos a serem conquistados. Quero acabar com fantasias e com fábulas, não quero alguém que me aceite como eu sou, mas que me ame mesmo assim. Alguém que coloque limites nas minhas dependências, que faça valer a pena o ser submissa.

Quero trazer alguém pra minha vida, pra fazer parte da minha história pra ser aceito em minha família, quero ser aceita e quero fazer parte também, quero me sentir confortável o suficiente para não deixar de perder o encanto.

Espero por alguém que entenda, se não for pedir muito que compreenda aquilo que corre em minhas veias, aquilo que me motiva a continuar, aquilo que me move, Aquele que me move. Que trave comigo conversas cheias de pontos de vistas diferentes, mais inundada de respeito e de crescimento em meio a diversidade.

Espero por alguém que aceite meus dreads, que goste das minhas tatoos, que ame passar o dedo pelo meu cabelo, que me ensine a ser elogiada, que me ensine a elogiar. Espero por alguém que me motive a mudar, que não me force a nada, que não me leve a nada que eu não estiver preparada para viver.

Espero e quero muitas coisas, um conjunto que pode ser visto como irreal, ideal, utópico, até mesmo infantil e ingênuo, mas quem disse que esperar e querer demais é errado, no final eu estou aberta ao real, ao que pode ser construído, ao que pode ser vivido. Contudo vou continuar esperando e querendo, enquanto isso vou continuar mudando e crescendo.



domingo, 17 de outubro de 2010

Amizades

Quantos sorrisos compartilhamos, quantas brincadeiras fizemos juntos, quantas confidências superficiais, quantas utopias compartilhadas? E na hora que a realidade chegou aonde ficou tudo? Ficou para trás.

Me avisaram dos perigos de amizades que eu poderia encontrar no tenebroso mundo, mas não me alertaram que aqueles que estavam do meu lado ouvindo a voz do mesmo Deus poderiam ser os mesmos que depois ignorariam a minha dor, sorririam com a minha tristeza, brincariam com as minhas dificuldades, corromperiam as minhas confidências e menosprezariam as minhas utopias.

Durante um tempo acreditei que todos fossem dessa éspecie, que daqui em diante e mais uma vez não confiaria em ninguém, não teria mais confidentes, não perderia tempo cultivando amizades, para mim elas haviam perdido o sentido de vez, se não fosse a prova de poucas e valiosas amizades que sobreviveram as minhas tempestades e desesperanças.

Hoje, para mim, amigos são aqueles que secam as suas lágrimas e riem com suas alegrias, que ouvem seus problemas e confiam em você suficientemente para também contar os deles, aqueles que mesmo não estando na sua rotina dão um jeitinho de se fazerem presentes, que te lembram das suas qualidades e que seguram a sua mão na hora de conversar sobre os seus defeitos. Amigos assim são mais valiosos do que multidões que enchem a festa mas se vão assim que a música para de tocar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Let it go!




Let it go! Eu disse a mim mesma várias vezes. Let it go! E parecia não surgir nenhum efeito, até que eu percebi que o meu falar não correspondia com o meu agir. Até que eu deixei ir. Foi necessário o fogo, foram necessárias as chamas para acabar com as evidências materiais de algo que agora só a minha memória irá permitir existir.


As folhas, cartas, fotos molhadas rapidamente se perderam no meio das cores alaranjadas que surgiram. Quem me dera ao invés do álcool ali estivesse a água, o fogo lutaria com as lembranças para existir e quem sabe nesse meio tempo eu teria a oportunidade de ao menos derramar uma lágrima. Mas nada, com o rosto seco senti o calor de uma história acabando, e com o rosto seco recolhi as cinzas daquilo que um dia já foi.

O que nos unia hoje está no fundo de uma lixeira qualquer, o que éramos fica interpretado na mente de cada um, da maneira que quisermos interpretar, da maneira que quisermos lembrar. Vivi o meu luto quando percebi que o meu você havia morrido, me irritei e te xinguei, neguei e te ignorei, negociei e me humilhei, sofri e chorei, mas finalmente aceitei.

Se soubesse que tanta liberdade se encontrava após a aceitação tinha pulado etapas e estaria aonde estou hoje, eu tinha te deixado ir de mim antes, pois hoje sei que quando te deixei ir me permiti ser.

Escolhas.


Durante muito tempo eu escolhi não escolher. Hoje eu escolho. 

Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho esquecer. Eu escolho lembrar. Eu escolho permitir sentir. Eu escolho ignorar o que sinto. Eu escolho ser livre. Eu escolho continuar. Eu escolho mudar. Eu escolho não me acomodar. Eu escolho gritar. Eu escolho calar. Eu escolho enfraquecer. Eu escolho contrariar. Eu escolho não olhar. Eu escolho não ouvir. Eu escolho não falar. Eu escolho enxergar. Eu escolho escutar. Eu escolho dizer. Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho estar. Eu escolho parar. Eu escolho reviver. Eu escolho viver. Eu escolho chorar. Eu escolho sorrir nas lágrimas. Eu escolho entregar. Eu escolho confiar. Eu escolho amadurecer. Eu escolho permanecer criança. Eu escolho ser diferente. Eu escolho sofrer se preciso. Eu escolho me alegrar na hora certa. Eu escolho amar sem necessitar. Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho ter a mim mesma. Eu escolho ter dúvidas. Eu escolho ter medos. Eu escolho ter amor. Eu escolho a certeza. Eu escolho a coragem. Eu escolho o amor. Eu escolho a fé. Eu não escolho a religião. Eu escolho ser corpo. Eu escolho ser meu corpo. Eu escolho me mover. Eu escolho exitar. Eu escolho caminhar com pés descalços. Eu escolho. Eu escolho. Eu escolho ser. Eu escolho Você.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Um novo momento.


Às vezes me esqueço da materia que me compõe, esqueço-me de que sou pó, seca, dura e frágil. Coloco em mim todas as expectativas do mundo e acredito que com esse peso serei capaz de caminhar, e ao dar o primeiro passo sou surpreendida por me ver ao chão. Como assim eu não consegui, como assim eu não suportei?

As minhas lágrimas se misturam ao pó que sou e me torno uma poça de lama, uma massa sem forma, pela primeira vez disposta a me tornar algo e a deixar de ser o que já fui e que não deu certo. O peso do mundo me esmagava, eu realmente acreditei que essa era a maneira certa de se caminhar.


Percebi que em mim as minhas lágrimas escreveram um pedido: "Troque de fardo com essa que no primeiro passo cansou de caminhar?" A leveza do meu ser agora me é estranha, me sinto perdida em meio à falta de pressão, me sinto desnorteada com a liberdade que se coloca a minha frente, seria loucura pensar que tudo sempre foi assim tão simples? Seria loucura pensar que o meu tudo entregar é simplesmente tudo escolher?